O "bicombustível": o Brasil defende o bioetanol.
A alta do petróleo está mudando o comportamento dos consumidores brasileiros que buscam alternativas aos carros a gasolina e optam cada vez mais pelos veículos “bicombustíveis” (gasolina / álcool).
Em setembro, um em cada três carros vendidos no Brasil (32%) já era bicombustível ou "flex fuel", contra apenas 4,3% em 2002, indicou a associação das montadoras (Anfavea).
Essa nova tecnologia permite que um veículo funcione apenas com gasolina, apenas com álcool (etanol, biocombustível feito da cana-de-açúcar) ou com uma mistura dos dois.
A Renault é a quarta montadora a tentar a aventura do flex fuel, uma tecnologia menos poluente, para equipar seus modelos depois da Wolkswagen (em março de 2003), General Motors (junho de 2003) e da Fiat neste ano. O grupo Peugeot-Citroën PSA promete entrar na dança em 2005.
A Renault acaba de apresentar seu “Clio Hi-Flex” no Salão do Automóvel de São Paulo.
“O cliente encontra uma liberdade que não tinha. Dependendo do preço na bomba, o cliente pode escolher qualquer relação gasolina-álcool. O software do carro adapta a mistura ao motor ”, disse o gerente de produto da empresa, Alain Tissier.
“A Renault demorou um pouco mais porque nunca havia usado motor a álcool, mas hoje sua tecnologia flex é 100% Renault”, acrescentou.
Segundo ele, como o álcool apresenta "características químicas agressivas", as mangueiras de borracha, por exemplo, foram reforçadas.
“Então não há questão de sustentabilidade e o cliente usa gasolina ou álcool dependendo da variação do preço. Isso tem um efeito imediato em sua carteira. A fatura de um tanque cheio de gás é de 300 reais (94 euros) e 180 para flex fuel (56 euros) ”.
O Brasil agora pode, segundo Tissier, exportar tecnologia, automóveis e etanol, o que representa "novos dados na matriz energética sustentável e renovável do Brasil".
Segundo a Anfavea, neste ano foram fabricados no país 218.320 carros bicombustível e 35.497 a álcool. Em 2005, meio milhão de carros flex fuel, todas as marcas combinadas, serão vendidos no país.
Desde o lançamento dos carros bi-combustíveis, a quota de carro única álcool, que foi em janeiro 5,1 2003% das vendas totais no Brasil, subiu para 24,4 2004% em abril.
Isso ainda é muito pouco se comparado à década de 1980, quando 90% dos carros produzidos no Brasil rodavam a álcool. Mas, na época, os produtores preferiram usar a cana-de-açúcar para a produção de açúcar para exportação, causando uma crise de abastecimento.
Agora, com esse sistema flexível, o usuário não sofrerá mais com a falta de um ou de outro combustível, apostam as montadoras, principalmente porque também existe a alternativa a gás.
“Estamos no início do fim da era do petróleo”, resume Roslaino Fernandes, vice-presidente da associação latino-americana do gás.
O Brasil possui a segunda maior frota de veículos a gás natural (GNV) do mundo, com 770.000 mil veículos, atrás da Argentina que possui 1,2 milhão (13% da frota). A economia é de quase 60% em relação à gasolina, segundo Francisco Barros, gerente do departamento de gás veicular do Ipiranga.
Em setembro, a conversão de motor a gasolina para motor a gasolina aumentou 15% no Brasil e 52% no Rio, segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo. No Rio, 80% da frota de 35.000 mil táxis já funciona a gás, segundo o sindicato dos táxis.
Enquanto a frota atual de GNV representa 3,3% do total do país, as previsões são de que 1,7 milhão de veículos serão atingidos em pelo menos 2009, ou 7% do total de automóveis.