Canhões de neve artificial

Agricultura e do solo. controle de poluição, recuperação do solo, húmus e novas técnicas agrícolas.
Dearcham
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pela Dearcham » 25/04/04, 18:49

Artigo do Le Monde

Este efeito preocupante foi destacado por duas equipas de investigadores franceses e italianos. O culpado seria o snomax, produto obtido a partir de bactérias.

Grenoble do nosso correspondente

Hoje em França, 4 hectares de pistas de esqui, em 000 estâncias, estão cobertos de neve artificial. Neste contexto, os resultados dos estudos, divulgados quinta-feira, 185 de abril, durante o Mountain Planning Show (SAM) em Grenoble, causaram arrepios.

“Eles levantam muitas questões”, observa Françoise Dinger, engenheira da Cemagref em Grenoble. A sua equipa, especializada na reabilitação de solos de resorts, liderou a parte francesa do programa de investigação, em associação com uma equipa da Universidade de Turim. Na década de 1990, um programa anterior, financiado pelo Ministério do Turismo e Meio Ambiente, mostrou que as partículas de óleo encontradas na neve provinham de máquinas de limpeza de neve e não de neve artificial. Desta vez, é o estudo de um aditivo, o snomax, que revela o problema da qualidade da água utilizada nas instalações de neve artificial.

Fabricado e amplamente utilizado nos Estados Unidos desde a década de 1980, esse aditivo é obtido a partir do cultivo de uma bactéria, a Pseudomonas syringae, que vive nas folhas das plantas e tem como característica promover a formação de gel. Autorizado em alguns países (Suíça), regulamentado ou proibido noutros (incluindo duas províncias da Áustria, onde o uso de aditivos é proibido), o seu impacto no ser humano e no ambiente ainda não tinha sido analisado.

As apostas são altas. Ao atuar no processo de cristalização da gota d'água, o snomax o torna mais rápido. Acima de tudo, permite produzir neve a temperaturas cada vez mais elevadas (portanto, a altitudes mais baixas) e reduzir significativamente as quantidades de água e de energia necessárias para a produção da mesma quantidade de neve. A Agência da Bacia Ródano-Mediterrâneo-Córsega fez o cálculo: 10 milhões de metros cúbicos de água são consumidos por ano para alimentar canhões de neve, o equivalente ao consumo anual de uma cidade com mais de 170 000 habitantes...

“PRESENÇA DE GERMES”

Para tranquilizar os operadores, foi necessário verificar se não foram encontradas bactérias na neve produzida e se o aditivo não poluiu a vegetação das encostas. As equipas francesa e italiana realizaram campanhas de medição durante três invernos, respectivamente em Valloire (Savoie) e Antagnod, em Val d'Aosta. Resultados: nenhum vestígio de Pseudomonas foi detectado na neve. O estudo francês mal destacou certas diferenças na vegetação, permitindo-nos concluir que existem “efeitos fracos e de longo prazo”. “Missão cumprida”, afirma o patrocinador do programa, a americana York Snow Inc (80 colaboradores em todo o mundo para um volume de negócios de 40 milhões de euros em 2003).

Só que o snomax, ao oferecer um caldo de cultura, tem efeito multiplicador. “O tanque promove o desenvolvimento de microrganismos”, confirma Françoise Dinger. No entanto, as análises microbiológicas, realizadas, é verdade, na única estação francesa, evidenciaram “a presença de germes de origem fecal, tanto na água da ribeira utilizada para abastecer a fábrica de neve, como também no circuito de fabrico de neve artificial”. Resultado? As gotículas projetadas pelo jato de ar gelado, que se transformam em pequenos cristais de gelo para encantar os esquiadores, ficam infectadas.

Os autores do estudo não concluem, porém, que exista risco patogênico para humanos. “Seria apropriado iniciar um programa de investigação específico sobre a sobrevivência e o desenvolvimento destes agentes patogénicos na neve”, escreve Françoise Dinger, para quem o problema não é tanto a presença de microrganismos, que de qualquer forma existem no ambiente e em neve natural, seu modo de propagação e sua quantidade. “Qual é o nível aceitável?”, questiona a investigadora, que contactou o Ministério da Saúde e o Conselho Superior de Higiene há dois anos.

Para evitar o risco patogénico, a solução passa por controlos e, se necessário, tratamento da água utilizada no processo de neve, independentemente do método de recolha: lençóis freáticos, cursos de água, rede de água potável ou reservatórios artificiais. Mas essa abordagem é muito cara...

“Abordar a questão da produção de neve artificial apenas através de aditivos equivale a evitar abordar o problema na sua totalidade”, reage a associação Mountain Wilderness, que também teme uma interpretação abusiva dos resultados. “Os desenvolvedores correm o risco de considerá-los um cheque em branco”, preocupa Vincent Neirinck. Porém, segundo ele, com ou sem bactérias, as desvantagens ambientais permanecem: danos à paisagem com bacias de armazenamento de várias centenas de milhares de metros cúbicos, esgotamento dos recursos hídricos, impactos no meio ambiente. Na verdade, a neve artificial leva a cada vez mais equipamentos. “Inicialmente destinados a garantir o retorno ao fundo das áreas existentes, os canhões são agora utilizados para criar novas encostas”, insiste Vincent Neirinck, que estigmatiza a instalação de canhões de neve no glaciar Grande Motte, em Tignes, a 3 metros acima do nível do mar. .

Nicole Cabret

Risco de conflito sobre recursos hídricos

Um relatório produzido em 2002 e 2003 pelo Gabinete Parlamentar para a Avaliação das Escolhas Científicas e Tecnológicas (Opecst) sobre "a qualidade da água e do saneamento em França" aborda "o impacto da produção de neve artificial nos recursos hídricos. Ele observa que a produção de neve artificial poderia “em última análise, causar conflitos de uso”. A Agência de Água Ródano-Mediterrâneo-Córsega indica que “80% das estâncias de desportos de inverno nos Alpes estão equipadas com canhões de neve”. O relatório observa que, com 4 m000 de água por hectare, a produção de neve artificial consome “uma quantidade muito superior à irrigação do milho e próxima da irrigação na arboricultura provençal”. Contudo, na maioria das vezes, a pressão sobre o recurso é baixa ou moderada e “portanto não conduz a conflitos de utilização”. Contudo, “podem surgir dificuldades nos municípios situados a jusante”. Assim, em 3, uma comuna da Alta Sabóia foi “confrontada com uma deterioração significativa na qualidade da sua água potável”. A retirada de água para fazer neve teve então que ser interrompida.

• ARTIGO NA EDIÇÃO 24.04.04
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pela PITMIX » 06/01/06, 10:15

Olá
Trabalhando com refrigeração, sei que vaporizar água para torres de resfriamento de ar é perigoso se a água não for tratada ou for mal tratada. O exemplo flagrante em Paris é o hospital Georges Pompidou.
Outra observação que esperava no artigo sobre canhões de neve, o efeito estufa. A água pulverizada no ar forma um aerossol. O principal gás com efeito de estufa na Europa é o vapor de água. Vai ser difícil ser verde...
Leia em ciência e vida n°1060
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